Pode conter spoilers!
"Vem devagar que essa terra é minha Fala de mansinho que essa voz é minha Vem devagar que essa terra é minha Fala de mansinho que essa voz é minha Chega com respeito que esse corpo é meu Todo meu A sua propriedade é uma invasão A sua voz, uma usurpação Sua presença virou violação Não vá dizer o meu direito não. Esses são os versos da canção Essa terra é minha que faz parte da abertura e do especial Falas da Terra exibido em 2021 em duas datas - 19 e 24 de abril de 2021. O especial documental duplo tem como foco os povos originários e traz luz à pluralidade e luta dos indígenas pelo direito de existirem, por meio de um resgate histórico de valorização de suas culturas.
O especial apresentou 21 depoimentos de indígenas (em primeira pessoa) que trouxeram informações sobre preservação da cultura, língua e costumes. Falas da Terra falou das conquistas desses povos além das florestas e as diversas maneiras de ser indígena. Assuntos como: proteção do meio ambiente e da vida; respeito à diversidade; histórias de resistência e ativismo; demarcação de terras; invasão de territórios demarcados; preservação das florestas; importância da literatura para ajudar na conscientização, foram tematizados e debatidos.
A riqueza cultural de mais de 300 povos existentes no Brasil, que falam aproximadamente 200 línguas diferentes foi apresentada. O legal é que eles desconstroem o que vem a ser índio e indígena, já que apresenta não só povos que moram perto da natureza, mas também que vivem em grandes centros urbanos. Foram apresentados médicos, artistas, biólogos, escritores premiados, youtubers, dentre outros.
O olhar indígena para o conteúdo foi percebido pela produção de Ailton Krenak, líder do Movimento Socioambiental de Defesa dos Direitos Indígenas; Ziel Karapató, artista e ativista; Graciela Guarani, cineasta; Olinda Tupinambá, jornalista e documentarista; e Alberto Alvarez, cineasta e realizador. Trazer esse povo que entende do assunto, foi fundamental.
Falas da Terra possui uma produção audiovisual incrível, com captura de cenários belíssimos e paradisíacos da natureza. Os depoimentos dos indígenas são riquíssimos, além da câmera ser humana e capturar as rugas e traços em seus rostos, de forma natural e realista.